22.9.23

devaneios e efemeridade

 Eis que volto a este refúgio mais uma vez. Efêmera. Sem as amarras da monetização. Sem as obrigações de escrever pensando em SEO, títulos com clickbaits, sem querer angariar seguidor algum. Se continuarei? Só o tempo dirá. 

Mas sinto falta do meu refúgio virtual. O cantinho que me acolheu durante toda adolescência, durante a turbulência universitária. Que ouviu meus desabafos mais profundos e viu nascer minhas primeiras crônicas. 

É tanta gratidão pelo período de blogagem que nem sei explicar. Aprendi sobre marketng digital, fotografia, escrita criativa, storytelling, tráfego de influência e tantas palavras e jargões que sequer me lembro mais.

Acho que não sei nem mexer mais neste editor de texto simplificado. Mas tudo bem. Quero só mais um blog pessoal sem compromisso. Poder tirar as palavras da minha cabeça e ver o texto fluir. Sem quaisquer obrigação. 

Em terra de tanto conteúdo em vídeo, sinto falta de ler a palavra escrita. De procurar exatamente a informação que eu quero. De voltar o parágrafo. 

Enfim, 

devaneios. 


28.1.21

Wishlist - Literatura produzida por negros

 Já faz algum tempo que venho notando a falta de diversidade em minhas leituras. 

Depois que resolvi catalogar meus livros (assista este vídeo para entender do que estou falando) e montar planilhas de leitura para cada ano, esse abismo ficou cada vez mais nítido. Eu leio poucos autores negros. Eu raramente leio alguma história que se passe no continente africano. Aliás, não sei nada da África além do que vejo na TV. 

Eu, que sempre fui uma curiosa, que sempre quis viajar e conhecer outros países raramente me permiti conhecer a Nigéria, o Chade, o Sudão ou Serra Leoa. Aliás, raramente me deixei envolver por histórias contadas por pessoas de pele diferente da minha, ainda que brasileiras. 

Dessa forma, resolvi montar aqui uma lista de desejos de livros escritos por pessoas negras que eu deveria ter lido há muito tempo. Caso você também se interesse por algum desses livros, compre pelo link que deixarei abaixo da sinopse, assim me ajuda a manter o site no ar!

Fique Comigo - Ayobami Adebayo


Finalista do Baileys Women’s Prize for Fiction, este romance de estreia inesquecível ambientado na Nigéria dá voz a marido e esposa enquanto eles contam a história de seu casamento ― e as forças que ameaçam destruí-lo. Yejide e Akin se apaixonaram na faculdade e logo se casaram. Apesar de muitos terem esperado que Akin tivesse várias esposas, ele e Yejide sempre concordaram que o marido não seria poligâmico. Porém, após quatro anos de casamento ― e de se consultar com médicos especialistas em fertilidade e curandeiros, tomar chás estranhos e buscar outras curas improváveis ―, Yejide não consegue engravidar. Ela está certa de que ainda há tempo, mas então a família do marido aparece na sua casa com uma jovem moça que eles apresentam como a segunda esposa de Akin. Furiosa, chocada e lívida de ciúmes, Yejide sabe que o único modo de salvar seu casamento é engravidar. O que, enfim, ela consegue ― mas a um custo muito maior do que poderia ter imaginado. Um romance eletrizante e de enorme poder emocional, Fique comigo não apenas debate as questões familiares da sociedade nigeriana, como também demostra com realismo as mazelas e as dificuldades políticas enfrentadas pela população desse país nos anos 1980. No entanto, acima de tudo, o livro faz a pergunta: o quanto estamos dispostos a sacrificar em nome da nossa família?

Eu sei porque o pássaro canta na gaiola - Maya Angelou


RACISMO. ABUSO. LIBERTAÇÃO. A vida de Marguerite Ann Johnson foi marcada por essas três palavras. A garota negra, criada no sul por sua avó paterna, carregou consigo um enorme fardo que foi aliviado apenas pela literatura e por tudo aquilo que ela pôde lhe trazer: conforto através das palavras. Dessa forma, Maya, como era carinhosamente chamada, escreve para exibir sua voz e libertar-se das grades que foram colocadas em sua vida. As lembranças dolorosas e as descobertas de Angelou estão contidas e eternizadas nas páginas desta obra densa e necessária, dando voz aos jovens que um dia foram, assim como ela, fadados a uma vida dura e cheia de preconceitos. Com uma escrita poética e poderosa, a obra toca, emociona e transforma profundamente o espírito e o pensamento de quem a lê.


Olhos d'água - Conceição Evaristo


Em Olhos d’água Conceição Evaristo ajusta o foco de seu interesse na população afro-brasileira abordando, sem meias palavras, a pobreza e a violência urbana que a acometem. Sem sentimentalismos, mas sempre incorporando a tessitura poética à ficção, seus contos apresentam uma significativa galeria de mulheres: Ana Davenga, a mendiga Duzu-Querença, Natalina, Luamanda, Cida, a menina Zaíta. Ou serão todas a mesma mulher, captada e recriada no caleidoscópio da literatura em variados instantâneos da vida?Elas diferem em idade e em conjunturas de experiências, mas compartilham da mesma vida de ferro, equilibrando-se na “frágil vara” que, lemos no conto “O Cooper de Cida”, é a “corda bamba do tempo”. Em Olhos d’água estão presentes mães, muitas mães. E também filhas, avós, amantes, homens e mulheres – todos evocados em seus vínculos e dilemas sociais, sexuais, existenciais, numa pluralidade e vulnerabilidade que constituem a humana condição. Sem quaisquer idealizações, são aqui recriadas com firmeza e talento as duras condições enfrentadas pela comunidade afro-brasileira.

Kindered: Laços de Sangue - Octavia E. Butler


Em seu vigésimo sexto aniversário, Dana e seu marido estão de mudança para um novo apartamento. Em meio a pilhas de livros e caixas abertas, ela começa a se sentir tonta e cai de joelhos, nauseada. Então, o mundo se despedaça.

Dana repentinamente se encontra à beira de uma floresta, próxima a um rio. Uma criança está se afogando e ela corre para salvá-la. Mas, assim que arrasta o menino para fora da água, vê-se diante do cano de uma antiga espingarda. Em um piscar de olhos, ela está de volta a seu novo apartamento, completamente encharcada. É a experiência mais aterrorizante de sua vida... até acontecer de novo. E de novo.

Quanto mais tempo passa no século XIX, numa Maryland pré-Guerra Civil – um lugar perigoso para uma mulher negra –, mais consciente Dana fica de que sua vida pode acabar antes mesmo de ter começado.

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Torto Arado - Itamar Vieira Junior



Um texto épico e lírico, realista e mágico que revela, para além de sua trama, um poderoso elemento de insubordinação social.

Vencedor do prêmio Leya 2018.
Nas profundezas do sertão baiano, as irmãs Bibiana e Belonísia encontram uma velha e misteriosa faca na mala guardada sob a cama da avó. Ocorre então um acidente. E para sempre suas vidas estarão ligadas ― a ponto de uma precisar ser a voz da outra. Numa trama conduzida com maestria e com uma prosa melodiosa, o romance conta uma história de vida e morte, de combate e redenção.

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Hibisco Roxo - Chimamanda Ngozi Adichie


Protagonista e narradora de Hibisco roxo, a adolescente Kambili mostra como a religiosidade extremamente “branca” e católica de seu pai, Eugene, famoso industrial nigeriano, inferniza e destrói lentamente a vida de toda a família. O pavor de Eugene às tradições primitivas do povo nigeriano é tamanho que ele chega a rejeitar o pai, contador de histórias encantador, e a irmã, professora universitária esclarecida, temendo o inferno. Mas, apesar de sua clara violência e opressão, Eugene é benfeitor dos pobres e, estranhamente, apoia o jornal mais progressista do país. Durante uma temporada na casa de sua tia, Kambili acaba se apaixonando por um padre que é obrigado a deixar a Nigéria, por falta de segurança e de perspectiva de futuro. Enquanto narra as aventuras e desventuras de Kambili e de sua família, o romance também apresenta um retrato contundente e original da Nigéria atual, mostrando os remanescentes invasivos da colonização tanto no próprio país, como, certamente, também no resto do continente. “Uma história sensível e delicada sobre uma jovem exposta à intolerância religiosa e ao lado obscuro da sociedade nigeriana.” - J.M. Coetzee


2.1.21

Anne de Green Gables - qual a diferença do livro para a série?

 


Não é segredo para ninguém que a série Anne With an E, exibida pela Netflix, fez um sucesso danado. A garotinha órfã que odiava os cabelos ruivos conquistou muita gente com suas falas rápidas, suas palavras difíceis e suas trapalhadas. Mas será que a série é tão parecida com o livro?

Livro: Anne de Green Gables
Título original: Anne of Green Gables
Autora: Lucy Maud Montgomery
Tradutor: João Sette Câmara
Editora: Ciranda Cultural
Número de páginas: 336 páginas
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15.11.20

O Retrato de Dorian Gray | Resenha



Finalmente trago aqui a resenha de um dos meus livros favoritos da vida! O livro pelo qual aguardei anos por uma releitura. E que releitura, meus amigos!
Estou falando de O Retrato de Dorian Gray, um romance maravilhoso escrito por Oscar Wilde, que critica e satiriza todos os costumes, moralismos e convenções da Era Vitoriana. E foi justamente essa obra que condenou o autor pelo crime de "flagrante indecência", sobre o qual conversaremos mais no decorrer da postagem. 

Título: O Retrato de Dorian Gray
Autor: Oscar Wilde
Título original: The Picture of Dorian Gray
Tradutor: Jorio Dauster
Editora: Biblioteca Azul
Ano: 2013
Número de páginas: 551
Edição:
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11.9.20

A Casa dos Espíritos - Isabel Allende | Resenha



*atenção: o livro pode conter gatilhos (violência, estupro, maus tratos a animais)*

Título: A Casa dos Espíritos

Autor(a): Isabel Allende

Título original: La casa de los espíritus

Tradutor(a): Carlos Martins Pereira

Editora: Bertrand Brasil

Ano: 2020

Número de páginas: 446

Edição: 49ª

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A Casa dos Espíritos é um romance escrito pela chilena Isabel Allende que atravessa gerações da faília Trueba. Ele não chega a especificar o país latino-americano em que se passa, mas consegue, por meio dos seus personagens, traçar um belíssimo panorama político-social da hispanoamérica, mesclando com elementos sobrenaturais e aderindo ao realismo fantástico, embora não seja apelativo.

É interessante ressaltar que as mulheres da narrativa apresentam uma certa continuidade no que diz respeito ao sobrenome: Nívea, Clara, Blanca, Alba. Achei interessante termos uma família continuada por mulheres que levem o mesmo nome, enquanto nega veementemente o desejo do patriarca de dar seu nome ao filho. 



O livro começa com Clara ainda criança, vivendo com sua irmã, a bela Rosa e sua mãe Nívea. Ela já demonstra sinais de clarividência desde a infância. Anos mais tarde, casa-se com Esteban Trueba (personagem mais asqueroso da face da Terra) e tem 3 filhos: Blanca e os gêmeos Jaime e Nicolás. 

Enquanto Clara é uma mulher fechada em sua própria mente, bondosa e mais preocupada com o sobrenatural que com coisas mundanas, Esteban é ambicioso e deseja a qualquer custo ter Clara por inteiro. Esteban veio de uma situação financeira mais complicada, enquanto Clara era de família rica.

Os poderes mentais de Clara não perturbavam ninguém e não provocavam maiores transtornos; manifestavam-se quase sempre em assuntos de pouca importância e na estrita intimidade do lar. (p.15)

Ao longo da narrativa vemos a família crescer e se envolver em tragédias (e também em cenas cômicas).Vemos Clara tentando a todo custo ajudar aos pobres e seu filho Jaime acaba puxando isso dela. Nisso, o belíssimo casarão vai se transformando num labirinto cheio de gente necessitada, ou querendo saber sobre o futuro. 

É até difícil contar linearmente sobre esse livro. Não sei bem o que falar sem soltar algum spoiler, mas também não quero ser rasa. É um livro grande, denso, mas que com um pouco de esfrço consegui ler as 446 páginas em menos de 1 semana pois tem uma narrativa que prende.

Mas aqui vemos muita oposição política, luta de classes, ironias da vida, tragédias familiares e muito drama que só um romance genuinamente latino pode oferecer. Tem um "quê" de novela das 6 com aquelas famílias enormes, fazendas e amores proibidos. Tem emoção e expectativa. Personagens secundários que merecem destaque porque desempenham papeis fundamentais. Sim, você vai gastar todos os seus post-its porque é cheio de passagens reflexivas.



Aliás, a escrita de Allende me lembrou muito a de Gabriel García Márquez (inclusive algumas cenas aqui descritas também). Ela vai dando "mini spoilers" no decorrer dos capítulos para depois detalhar melhor esses fatos. Apesar disso, seguem uma mínima ordem cronológica, intercalando a voz do narrador e a voz de Esteban Trueba, que reconta suas memórias. Em vários momentos o livro deixa evidente que Clara também tem o hábito de anotar suas memórias em "cadernos de anotar a vida" então o livro vai seguindo fatos da vida da matriarca da família. É interessante quando há conflitos entre esse narrador (que nos é revelado ao final) e a narrativa de Trueba porque ali fica claro que não há em nenhum momento, apesar da terceira pessoa, uma narrativa imparcial. 

O livro nos leva a crer que se passa no Chile, mas em momento algum isso é mencionado (inclusive fui checar a geografia em algumas passagens e isso confirmava a minha suspeita do livro se passar no Chile). Contudo, diversos países da América Latina passaram por períodos conturbados de recessão, seguidos de governos mais assistencialistas voltados para a esquerda e seguidos por ditaduras extremamente opressoras. Havia a descrição de um político conservador ali que podia muito bem estar caminhando pelas ruas de Brasília em pleno 2020. É para vermos como algumas coisas de fato mudaram pouco desde a década de 1960, aproximadamente. 

A Casa dos Espíritos apresenta personagens muito bem construídos, profundos e que sofrem diversas mudanças na narrativa. São complexos, e mesmo o odioso Esteban Trueba me causou pena em alguns momentos. É um livro que nos mostra diferentes versões de seres humanos. Diversas relações sociais, apesar de se passar no cerne de uma família abastada.



Contudo, não sei se é culpa da época em que foi escrito ou se é pensamento da autora, o livro apresenta frases machistas, racistas e gordofóbicas. Eu sei que foi escrito em um momento em que se discutia menos esses temas e que algumas palavras talvez sequer fossem consideradas ofensivas para a maioria dos leitores. Em algumas passagens, elas partem da boca de personagens (muitos deles agem e pensam de forma preconceituosa mesmo, então faz parte da construção do discurso -- para aumentar a sua raiva deles). Outro ponto que me incomodou foi a quantidade de maus tratos a animais. Percebi que isso vinha na forma de "retrato" (situações que provavelmente eram corriqueiras e a autora colocou ali, sem fazer nenhum juízo de valor). Mas me incomodaram. Suponho que fossem práticas comuns à época e ao local. Mas eu, leitora do meu local e época me senti incomodada. Também há cenas de estupros, torturas e violência física. Não com tantos detalhes. Mas já aproveito o parágrafo para explicar o aviso de gatilho do começo do post. 

Não acho que nenhum dos pontos abordados acima tenha prejudicado minha experiência de leitura. Mas não vou "passar pano". Não faço parte de nenhum grupo diretamente ofendido e talvez para essas pessoas isso possa causar algum gatilho. Então recomendo a cautela.

Excetuando-se isso, talvez tenha sido a melhor leitura de 2020, e também a melhor surpresa, porque eu tinha zero expectativas (aliás eu tinha um enorme preconceito com esse livro. Acreditava se tratar de um romance espírita, e não que eu tenha algo contra, mas nunca tive vontade de ler). É um livro arrebatador, você ri, chora, sente raiva, torce contra e pede por mais um capítulo. E depois que termina não para de pensar se os personagens ficaram bem. Entrou para os favoritos da vida, com certeza. Mais uma dádiva do Leia Mulheres Jundiaí. 

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24.7.20

Objetos para compor fotos de livros (que você certamente tem em casa)



Hoje vim falar de um assunto que vocês adoram ver por aqui: fotos de livros!
Lembrando que não sou nenhuma especialista, sou só uma curiosa e criativa que começou a olhar com carinho para os objetos que tenho em casa.

Fiz um vídeo lá no meu IGTV mostrando em detalhes esses objetos, caso você queira ver, dá uma procuradinha lá no meu Instagram na aba IGTV. 

Vale lembrar que muitas vezes nós, bookstagrammers com anos de estrada, fazemos investimentos em objetos para fazer as nossas fotos. Isso porque nós temos um objetivo e uma identidade visual para criar.
Você, que está começando agora, não precisa gastar rios de dinheiro na loja de decoração mais cara da sua cidade.Longe disso. Aliás, todos os investimentos que fiz em objetos para fotos foram em coisas baratas (e a maioria passou a compor a decoração do meu quarto). Maaaaaas... isso é assunto para um outro post.


Ilustração por Wokumy • Layout por