24.6.20

Estaremos nós, booktubers, estimulando o consumismo de livros?

    


Talvez (ou com certeza) o post de hoje seja polêmico. Mas não quero criticar ninguém além de mim mesma. Afinal, quem sou eu para julgar os hábitos de consumo e leitura de alguém?
    Quero apenas propor uma reflexão sobre compra de livros. Baseando-me apenas na minha experiência de consumo de conteúdo produzido por booktubers, bookstagrammers e nos meus próprios hábitos de compra de livros. 
    Eu percebo que há uma gama muito grande de vídeos com unboxing de compras da Amazon, ou do Submarino, ou de qualquer e-commerce. E eu entendo, de verdade, a produção desse conteúdo. Muitas vezes a nossa única renda enquanto produtor de conteúdo relacionado a livros é justamente a divulgação de links de afiliados, a partir dos quais ganhamos uma pequena comissão. Incentivar a compra em grande promoções, incentivar unboxings e etc nada mais é que gerar clicks que se convertem em compras, que podem pagar contas.
    Por outro lado, penso pelo viés do consumismo. Mas isso é uma ideologia minha. Eu não me considero uma pessoa consumista. Em geral, só compro se quero muito ou se preciso muito. Em parte porque quero dar outro fim ao meu dinheiro. Mas um dos motivos é que não vejo mais tanto sentido em acumular coisas que não vão ter utilidade (embora ainda tenha dificuldade de me desapegar das que já possuo).
    Durante um tempo, logo que comecei a alimentar o Check-in Virtual, eu estava gastando bastante com livros. Como ia para a rodoviária de Campinas com frequência e lá tem uma feira de livros a preços baixos, sempre voltava para casa com um ou dois exemplares a 5 ou 10 reais. E de vez em quando, as compras online.
    Resultado: quase caí para trás quando resolvi contar a quantidade de livros não lidos. E são livros que não me interessam tanto assim. Só estão ali porque no dia pareceram um bom negócio. Tem outros que ganhei que ainda não li. Outros que comprei na minha primeira Bienal do Livro porque eram grandes clássicos, eu PRECISAVA tê-los na estante e estavam baratos.
    Mas eu precisava mesmo? Que diferença faz o livro estar parado na estante pegando pó?
    Minha irmã me questionou esses dias. Falou que os meus livros eram apenas exibicionismo. Mero acúmulo. E alguns realmente são. Por muitos não nutro o menor valor sentimental e sinceramente, talvez nunca leia.
    De fato, o livro não passa de um objeto. O seu valor está no conteúdo que possui. E isso pode ser obtido tanto em uma edição cara de capa dura, quanto em uma edição poeirenta de sebo ou em uma versão digital.
    Confesso a minha predileção aos físicos porque a sua presença me faz lembrar do que li. Eu tenho uma dificuldade muito grande em enumerar títulos. E isso acontece com livros emprestados, ou digitais. Por isso adquiri o recente hábito de anotar as leituras e até mesmo comentar a respeito delas. Por isso o blog também ajuda (e minhas resenhas no Instagram atrapalham).
    Hoje procuro comprar apenas livros que lerei no momento. Prefiro pagar mais caro, pagar o frete e tudo o mais. Mas sequer tenho espaço físico para acúmulos. E preciso aprender a desapegar de alguns livros que não irei reler ou que talvez nunca leia.
    Contudo, migrei o antigo hábito para os e-books gratuitos da Amazon. Estou cheia de livros na minha conta que nunca lerei. Baixei porque eram grátis. E fiz a besteira de comprar um (eu queria, era a continuação de uma série, mas sempre esqueço de ler). Ainda não me adaptei a TER livros digitais. Esqueço que eles existem e que são opções de leitura.
    A verdade é que tenho muitas opções (e isso é bom) e muitas distrações (isso é péssimo).
    Então, se você não costuma ver conteúdos de unboxing, book haul, recebidos e etc frequentemente por aqui, saiba que eu não costumo produzir conteúdos que eu mesma não tenho o hábito de consumir. E também porque já perdi esse hábito há algum tempo. Mas sim, ainda amo ganhar livros de presente. Amo a sensação de comprar livros, de passear na livraria, de ler um livro assim que ele chega... Eu só estou tentando ler os que eu já tinha. 

2 comentários:

  1. Eu penso sempre nisso, e nunca chego a uma conclusão.
    Faz muito tempo que deixei de assistir aos vídeos de unboxing de um canal específico no YouTube, porque percebia que me deixavam com vontade de comprar por impulso. Mas continuo assistindo aos vídeos de unboxing de outros canais, o que para mim não faz nenhum sentido. Tipo: só os vídeos daquele canal eram uma "tentação"? Porém eu vivo acrescentando livros naquelas listas de desejados da Amazon, e elas crescem cada vez mais. Uma delas já até saiu de controle. Hoje, realmente só compro livros que estão nessas listas de desejados, e quando é uma tem uma promoção boa, com preço que valha a pena. E eu tento fazer essas compras de promoção só quando tenho certeza que ainda não gastei muito naquele mes (nem sempre consigo).
    Eu percebo que passei a comprar muito menos livros físicos do que na época em que fui consumista, mas acabei transferindo o consumismo para os e-books. Eu também baixei um monte de ebooks gratuitos durante a quarentena, e compro com muita facilidade ebooks baratinhos de 1,99. E sei que vou demorara para ler, porque até hoje tenho ebooks não-lidos que foram comprados há anos... assim como os livros físicos da estante. A diferença é realmente que os livros físicos podem ser vistos, que eu posso olhar pra eles e lembrar que ainda não li. Enquanto, com o e-book, eu nem vou me lembrar dele se não passar a as abas da biblioteca virtual do kindle até o fim.
    Tem vezes que me sinto mal com tudo isso, e tem vezes que acho que é só uma questão de tempo até ler tudo. Não tenho conclusão.

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    Respostas
    1. Essa questão dos e-books pega muito... Eu acho bem mais difícil controlar artigos digitais. Até material que professor manda. Cai no esquecimento. Será que não te faziam cair na tentação pelo teor do conteúdo, ou pela quantidade, ou por serem livros que de alguma forma você quer muito? Por outro lado, livros também são coleções. Vejo uma galera colecionando funko, uns outros bonecos aí e várias outras coisas aleatórias. De repente pra você faz mais sentido ter a coleção do que pra mim.
      Agradeço por vir compartilhar as suas experiências por aqui!

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