18.5.18

Resenha: Admirável Mundo Novo


Imagine viver numa sociedade em que a felicidade vem na forma de pílulas. Em que todos são contentes com sua posição social e trabalho. E que o maior objetivo das pessoas é simplesmente ter prazer. Agora a que preço?

Título: Admirável Mundo Novo
Autor(a): Aldous Huxley
Título original: Brave New World
Tradutor(a): Felisberto Albuquerque
Editora: BRADIL
Ano: 1972
Número de páginas: 316
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Na sociedade de Admirável Mundo Novo a felicidade é regra. Para isso, o governo distribui Soma, comprimidos que trazem desde felicidade até sonolência, dependendo da dose. Além disso, as atividades solitárias são tidas como ruins, e as coletivas são incentivadas.

Em Londres de 632 DF (Depois de Ford) as crianças são feitas em laboratório. Pai e mãe são palavras obscenas. As crianças são criadas em centros e atividades sexuais são incentivadas desde cedo. Também há a manipulação verbal: enquanto dormem, ou em determinados períodos do dia ouvem repetidas vezes frases curtas, porém cheias da ideologia que o governo deseja passar.

Aqui a monogamia é repulsiva. O ideal é ter vários parceiros sexuais sem compromisso, e isso é aceitável independente do gênero. Algumas mulheres são estéreis, outras tomam anticoncepcionais.

Entre os personagens temos a enfermeira Lenina, que se envolve com Bernard, um homem com pensamentos um pouco fora da caixa. Ele não se conformava com muitas coisas que lhes eram impostas. Por outro lado, Lenina vivia repetindo os "mantras"que ouvia quando criança e se encontrava, assim como os demais, bastante satisfeita com sua condição social e com aspectos da vida em geral.

Bernard, por ser psicólogo, tinha acesso a lugares como uma "reserva de selvagens". Então resolve levar Lenina para lá nas férias, e é aí que o pensamento dos personagens começa a mudar . Eles conhecem um selvagem que lhes mostra como funcionaria uma sociedade tal como conhecemos hoje: sem soma, com emoções humanas, com famílias e religiões.

E é claro que não posso contar o que acontece a partir daqui. O ponto em que quero chegar é que Huxley teve uma bela previsão para nossos dias atuais.

Aqui a Literatura não é proibida totalmente, mas por ser uma atividade solitária é desprezada pela população frente à todas as distrações que são oferecidas. Soma, festas, atividades coletivas... Não há porque se rebelar contra um regime altamente opressor se você está feliz. E é nesse aspecto que repousa a genialidade do livro. Além de tudo, a educação é manipuladora, e isso estabiliza todo o processo de controle do governo.

Não importa o quão ruim seja seu trabalho. Você o cumpre com louvor. Seja por ter sido condicionado desde que nasceu, seja por uma manipulação fetal (toxinas,oxigênio) que te faz mais forte, ou mais inteligente, ou pequeno o suficiente para caber confortavelmente em uma mina de carvão.

A sociedade é toda dividida em castas e não há mobilidade social.Não existe casamento nem monogamia, e você foi literalmente feito para o seu trabalho. E para os que se rebelam,há punições assertivas. Mas em geral é um governo que não causa conflitos por haver uma profunda lavagem cerebral na população.

Hoje em dia temos tanta informação que muitas vezes ficamos alienados ao que acontece. Todos buscamos a felicidade, o contentamento, o prazer. O consumo, assim como no livro de Huxley, é incentivado o tempo todo. Não importa se você esteja no Instagram, assistindo TV ou andando nas ruas. Com certeza será bombardeado com centenas de propagandas. Carros lançados a todo ano, filas para comprar o novo iPhone... E gastamos um dinheiro desnecessário com essas futilidades invés de aplicá-lo em educação, cultura, viagens ou até mesmo ações sociais.
E o consumismo ataca até a Literatura: Quem nunca se pegou namorando uma edição de luxo de um livro que você já leu e tem uma outra edição na estante?

O livro nos provoca várias reflexões sobre como uma sociedade distópica parece-se com a nossa. O consumismo, a alegria a qualquer preço, pílulas para modificar o humor, drogas para relaxar, drogas para animar, festas, diversões, socialização em detrimento da auto-companhia, e até mesmo o envolvimento sexual apenas por prazer, que parecia absurdo na década de 30, quando o livro foi escrito.

É um livro maravilhoso, com uma escrita impecável. Achei algumas partes confusas, principalmente quando o autor alterna as cenas nos parágrafos. O livro conta com várias citações de Shakespeare, inclusive o título original, "Brave New World", foi extraído de uma de suas poesias. A minha edição era bem antiga, então foi bem legal me deparar com uma grafia diferente das palavras. Acredito que a tradução atualizada tenham palavras substitutas para as invenções do autor que fizessem mais sentido. Com certeza quero reler em uma edição mais recente (olha o consumismo aqui).

Nota:


2 comentários:

  1. Olá, tudo bem? Nossa você sabe, eu estou morrendo de vontade de ler esse livro, mas ao mesmo tempo tenho muito medo de pegar e não entender nada! Deve ser algo surreal para os personagens que viveram sempre naquele mesmo estilo de vida, e de repente descobrir que existe outra que não aquela. Gostei muito da resenha!

    Beijos

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    Respostas
    1. Fica tranquila que ele é bem sossegado de entender. Tem algumas expressões próprias mas rapidinho pega o jeito. E no google tem muita coisa pra dar uma ajudada11

      Beijos, seja bem vinda a bordo!

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Ilustração por Wokumy • Layout por