13.10.17

Helena Böhs - Jogo de Poder

Um reino nórdico nos dias atuais, uma mulher determinada que não mede esforços para alcançar seus objetivos, um jornalista de meia idade fascinado por mistérios. O que tudo isso tem em comum?
São elementos do livro Helena Böhs, escrito por Ramon Ferrary, o primeiro livro que recebi da minha parceria com a Em Foco Editora. 

Edward Domaschensky é um escritor e jornalista de meia idade que trabalha num dos principais jornais da Dinamarca, o The Daily. É um homem solitário, que adora jogos e mistérios e sempre busca inspiração para um novo personagem. Ele e Kayla são escalados para entrevistar a noiva do príncipe da Suécia, Helena Böhs, uma mulher sedutora, atraente, e extremamente poderosa. Essa mulher exerce um efeito inesperado em Ed, que se sente atraído por ela e por seus mistérios. 


Título: Helena Böhs - Jogo de Poder
Autor: Ramon Ferrary
Editora: Em Foco
Edição:1ª 
Ano: 2017
Número de Páginas: 292
PDF (miolo) cedido em parceria com a editora

Helena não tem origem nobre e desperta grande desconfiança na Rainha Eliodore, que receia deixar o trono para sua nora. Ela teve um passado difícil e agora é muito voltada para as causas feministas e quer com o seu reinado melhorar a condição das mulheres no mundo. 

Helena não me convenceu. Na verdade fiquei bastante incomodada com ela. Eu entendi a intenção do autor, em retratar uma mulher poderosa lutando pelas mulheres, mas os métodos que ela usa são muito controversos. Helena é manipuladora, cínica e inescrupulosa. Particularmente eu achei que isso acaba manchando o movimento que já é bastante desprezado e mal interpretado. Um outro clichê de Helena que me incomodou: Ela é uma mulher poderosa, linda, e sedutora. Como se todas as mulheres "fodonas", com perdão da palavra, precisassem ser sedutoras e dominar os homens por meio do sexo. Isso reforça a ideia de que uma mulher só consegue alcançar seus objetivos se transar com algum homem. Helena é inteligente, bem construída, já é uma mulher de 40 anos, extremamente rica e influente. Acho que o autor pecou em usar esse clichê horrível para ela. Porque ela realmente não precisaria utilizar-se desses métodos. E que fique claro, eu não sou contra as mulheres serem sensuais não. Inclusive acho isso bastante importante. Porém Helena é erotizada. E a forma como isso foi trabalhado me levou a ter esse tipo de interpretação. 

No mais, o livro é narrado em terceira pessoa, e cronologia por vezes ficou confusa. Em um parágrafo o autor falou de um personagem, no outro pulava para outra cena sem uma transição. O livro se ambienta entre a Suécia e a Dinamarca e gostei do fato de terem sido citadas diversas cidades dos dois países. 

Contudo, achei as descrições e os diálogos bastante pobres. As falas eram muito simples, quase infantilizadas, e as descrições se baseavam basicamente no preço dos objetos. Um carro luxuoso, um roupão bem caro, e por aí vai. Isso não estimula a imaginação do leitor mais detalhista, que gostaria de imaginar a textura do roupão, o material do qual foi feito, se tinha mangas, por exemplo. 

Senti que o livro bebeu na fonte de Stieg Larsson, tendo um jornalista de meia idade que age como herói e vários jogos políticos. Até mesmo a ambientação me lembrou Millenium. Gostei bastante disso, pois nunca tinha lido nada inspirado nesse autor que tanto admiro. 

A diagramação é bem bonita. O livro muda de capítulos depois de algum acontecimento grandioso, e cada capítulo tem uma espécie de tema, aberto por uma página em branco com o título da parte em questão e uns desenhos bem delicados.  Achei bem criativo. A revisão pecou muito. Vocês sabem que faço vista grossa para revisão de livros independentes, porque sei que às vezes a gente escreve errado e não percebe relendo o próprio texto. Porém este livro teve um revisor, que deixou passar erros de digitação, ortografia e vírgulas. Eu sei que isso acontece em grandes editoras, mas foram erros bem frequentes, e muitas vezes repetitivos. Editora, melhora a revisão aí! 

Ed foi um personagem que me deu raiva. Ele é meio burro, cai em cada armadilha... Ai que vontade de dar um tapa na orelha dele e alertar sobre o que estava acontecendo... Stacy chegou no final para arrasar. O príncipe Henri e a sua irmã Angélica são dois pamonhas. Não é a toa que foram manipulados por Helena num piscar de olhos. E a Rainha Eliodore, com seus 90 anos é sem dúvida a melhor personagem. Quem dera tivesse aparecido mais. Engraçada, ácida, inteligente e absurdamente perspicaz. Uma verdadeira mulher poderosa e forte. Só me incomodei com o tratamento dado à rainha. Era meio sem formalidades, a tratavam por você e um majestade de vez em quando... Eu acho que ela não teria gostado disso não... Perdeu a verossimilhança. 

Em síntese: É uma estória boa, com bom conteúdo e criatividade. Alguns personagens são melhores construídos que outros e de forma geral são personagens planos, que não mudam com o decorrer da narrativa. Como personagens redondos posso apontar Ed e Kayla.  Porém há falhas técnicas graves na construção do livro. Alguns pontos deveriam ser amadurecisos, como os diálogos, que em se tratando de pessoas maduras, bem instruídas e poderosas, estavam bem pobres. As descrições também poderiam ser aprimoradas. Quanto à personagem Helena, isso foi uma revolta minha enquanto leitora e não posso apontar isso como erro. 

Uma advertência: O livro se trata de uma série e para mim isso não havia ficado claro no início. descobri na última página enquanto aguardava o desfecho. Particularmente não acho necessário, visto que o livro é relativamente curto e havia espaço no mesmo para terminar de desenvolver (eu acho, não sei quais surpresas o Ramon vai trazer para a gente). Qual o problema das pessoas com livros de 500 páginas, minha gente? É tão bom! 


Minha nota:

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Ilustração por Wokumy • Layout por