Como o título já diz, trata-se de um livro de contos. Ao todo são dezesseis e todos eles possuem um elemento em comum: a cabeça. Seja no sentido literal ou figurado.
As temáticas variam bastante, mas pude perceber o gosto do autor pelo escatológico, para os temas violentos e sanguinários. Aliás, quase todos os contos abordam formas de violência, como física e psicológica. Isso quando não engloba os dois.
Autor: Rob Camilotti
Editora: publicação independente/Amazon
Número de páginas: 106
Formato: e-book Kindle
PDF recebido em parceria com o autor
Os contos são de leitura rápida, perfeitos para serem apreciados no ônibus. O livro em si é curto. Pelas temáticas, achei que alguns deles mereciam ser melhor explorados.
Alguns contos apresentam uma temática mais complexa e pela opção do autor em escrevê-los em poucas páginas eles acabaram ficando mal finalizados. Falta a amarração entre o final do conto e o seu enredo geral. São apenas 5 contos mais longos, e não haveria problema algum expandi-los para o bem de uma boa narrativa.
A linguagem é acessível e agradável. Na verdade, Rob Camilotti tem um ritmo de escrita bastante agradável. As palavras fluem e você nem percebe as 203 páginas.
Um conto que me emocionou bastante foi "Cartas de um pai ao filho, cartas do filho ao pai", que relata o drama e as incertezas do povo sírio em seu êxodo para a Europa em busca de paz.
O conto "O Arquipélago dos Morangos" achei um pouco nonsense, com reviravoltas e ares de pesadelos. Esse era um que poderia ser expandido para desenrolar melhor a história ( e não precisaria perder o nonsense, pois creio que havia essa intenção).
Há um conto que gostei muito até chegar no final. Falava de uma conspiração política e golpe de Estado em algum país fictício, que lembrou-me muito o período da Ditadura Militar Brasileira e a sua opressão aos opositores. O adendo para esse conto é a voz narrativa, que para o desfecho escolhido teria sido mais plausível se fosse narrado em terceira pessoa, com narrador onisciente. Eu não posso explicar o porquê para não dar spoiler.
O conto "Sacha e Peter" começa fofinho, mas depois chega a ser perturbador. Esse conto acho que teve tamanho suficiente e foi bem abordado a relação doentia entre os personagens.
Percebi em alguns contos a apresentação de situações e elementos que acabavam tomando espaço em uma narrativa tão curta e que não eram no geral bem explorados, ou seja, não havia necessariamente a necessidade daquele fato ou situação.
Em certos contos aconteciam fatos bastante ligados ao nonsense e ao onirismo. Alguns, aliás pareciam saídos de um sonho. Ou pesadelo.
Outros deram boas reviravoltas, como o "Uva Verde", que começou bastante tenso e depois nos deixa uma lição.
Quanto à obra em geral, o saldo foi positivo. Apesar de ter apontado algumas ressalvas, gostaria que elas ficassem como uma sugestão para melhorar ainda mais o livro. Aconselho a leitura em filas, ônibus e em pequenos intervalos do dia, pois são fluidos, de fácil entendimento e ágeis. É o típico livro para ler "em uma sentada só".
Nota:


Oi, Lívia, com algum atraso, mas tô aqui, kkk.
ResponderExcluirDeixando esse comentário p/ agradecer pelos conselhos e toques que me deu. Obrigado pela resenha e sucesso com seu blog.
Abraço!
Muito obrigada, Rob!! Fico feliz que tenha gostado!
ExcluirAbraço