O Jogo da Verdade - Resenha

Nesse mês de agosto recebi da escritora e ilustradora Kézia Martins a versão digital do seu livro, O Jogo da Verdade. 

Como a Kézia faz parte do mesmo grupo de blogueiras que eu participo (ou dos mesmos, afinal são tantos grupos...), eu já sabia que ela tinha publicado um livro e desde então fiquei muito curiosa com a leitura. 

Queria começar os elogios por essa capa. Foi a própria autora quem desenhou. O estilo é inconfundível! Os traços são belíssimos e a escolha de cores não podia ser melhor. Mas vamos começar logo essa resenha. 

FICHA TÉCNICATítulo: O Jogo da Verdade
Autora: Kézia Martins
Formato: e-book Kindle
Número de Páginas: 269
Editora: Publicação independente
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O livro é narrado em primeira pessoa pela Melissa, uma garota de 17 anos que perdeu a mãe muito cedo, e desde então acabou assumindo muitas responsabilidades para poder ajudar o seu pai. A protagonista se esconde atrás de várias mentiras para se proteger de algo que não nos é revelado de início e por causa disso é assombrada por muitos pesadelos. 

À primeira vista o enredo é muito simples. A história se ambienta em sua maior parte numa escola pública em Goiânia, a qual é conhecida por ser palco de muitas brigas entre os alunos. 

Melissa tem duas melhores amigas, a "pavio curto" Adriana e a tímida e romântica Fabiana. Também tem um quase-namorado chamado Matheus.

E em primeiro plano o livro se desenrola entre o quase namoro de Melissa, traições e a chegada de um garoto novo que vai confundir a cabeça da nossa protagonista. 

Inclusive o livro conta com alguns clichês da literatura voltada para adolescentes. Um deles por exemplo é a menina um tanto deslocada e fora dos padrões físicos que se apaixona e é correspondida pelo garoto novo bonitão que arranca suspiros de todas as outras meninas do colégio. Mas até esse clichê tem importância na narrativa. 

O livro é extremamente verossímil. Ele é narrado por uma adolescente, tem protagonistas adolescentes e se ambienta numa escola. Todos os conflitos podem ter acontecido com qualquer um. E se você já foi adolescente um dia vai saber que a maioria dos seus grandes problemas, dramas e inquietações na verdade não eram nada demais. Faz parte da faixa etária, confusa por mudanças hormonais e pelas novas responsabilidades, fazer "tempestade em copo d'água". É esperado que isso aconteça, visto que esse período é a transição entre a infância e a vida adulta. As responsabilidades surgem mas a liberdade não. E é claro que tanto nessa idade quanto em qualquer outra  que as pessoas possuam problemas sério e passem por situações complicadas na vida. Mas outras inquietações, chegando à vida adulta e olhando para trás, são vistas agora como problemas irrisórios, de simples solução ou até que nem compensariam todas as lágrimas e noites mal dormidas que geraram. 

E o livro vem abordar isso. Em sua transição, Melissa toma para si uma culpa que não tem. E esconde segredos que não são tão ruins assim. Cria máscaras por achar que a sua verdadeira personalidade não é boa o suficiente para ser aceita. precisando do reencontro com um grande amigo de infância para se dar conta disso. 

O livro ganha muitos pontos na construção dos personagens que é tão bem trabalhada que poderia ser a história de seu colega de classe. Achei interessante o destaque que é dado para cada um de acordo com a personalidade. Adriana, extrovertida e explosiva, brilha, aparece bastante, fala muito, tem um grande papel. Fabi, por sua vez, está sempre ali do lado, mas só fala quando necessário. É introvertida, romântica e acaba sendo mais observadora do que realmente coadjuvante. Fernando,fisicamente grande, é um sol. Ele brilha, traz leveza nas partes mais pesadas e vem para "iluminar" Melissa, descomplicando a sua cabeça. 

O Jogo da Verdade já poderia ser considerado um livro bom até a parte em que falei acima. Mas ele ainda se supera pelo seu significado mais profundo. Por trás de tudo isso há a discussão de um tema muito importante no cenário adolescente e que cada vez atinge mais pessoas: a depressão. 

Aqui no livro ela foi trabalhada pela autora em 3 estágios: Melissa, no princípio da doença, quando ela está quase imperceptível, a personagem que chamarei de X para não dar spoiler que já está num estado mais avançado e que necessita de uma intervenção e Y, aquela que não aceitou a ajuda e chegou ao estágio mais grave, acabando com a própria vida. 

Essa discussão é trabalhada de forma leve, em meio a cenas divertidas e outras mais emocionantes, mas tudo muito bem costurado, misturando-se com as temáticas banais e cotidianas, pois a doença se manifesta em pessoas comuns que podem estar do seu lado todos os dias, seja no trabalho, na escola, enfim, em qualquer lugar. 

O livro também discute o primeiro amor e o ciúmes doentio. É uma narrativa em diversos planos, em que se precisa alcançar o final da história para compreendê-la por completo. 

Se eu fosse professora de literatura no final do ensino fundamental eu recomendaria esse livro como leitura obrigatória. Ele é gostoso de ler, é leve, faz parte da realidade dos alunos e no fim aborda temas de importante discussão e essenciais para a formação do adolescente. 

A Kézia é estudante de letras e escreve no seu blog Buscando Sonhos, além de ser colunista de vários blogs. Tem fotos maravilhosas no Instagram e trabalha como ilustradora. Já vi vários blogs com os desenhos dela. São lindos! 

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