19.11.16

Sobre o curso de Medicina


 

Todo mundo que fez o Enem este ano  está aguardando ansiosamente pelo SISU, ProUni, Fies e etc. Porém acredito que muitos ainda não tenham decidido em qual curso se inscrever. Não precisa se sentir mal se você se identificou. Ninguém é obrigado a saber o que quer fazer para o resto da vida aos 17, 18 anos de idade. Isso aconteceu comigo também. No meu primeiro SISU eu marquei Medicina e Engenharia Aeronáutica porque estava bastante indecisa entre os dois cursos. Porém eu consegui pensar no que eu tinha mais afinidade e acabei optando pela Medicina nos anos seguintes.

Então vou contar para vocês um pouquinho como é o curso.

Medicina tem a duração de 12 semestres, ou 6 anos se você preferir. É um curso bastante puxado, tem uma carga horária muito extensa e exige muito do aluno.
Na minha faculdade nós já entramos em contato com os pacientes logo no primeiro semestre, em uma matéria chamada Saúde da Comunidade. Nesta disciplina nós visitamos famílias e fizemos uma proposta de cuidados. Porém nem todas as escolas seguem esta linha. Se você passar em uma faculdade de modelo tradicional pode demorar para ver esta parte prática. 

Os primeiros anos, mesmo no sistema misto, são bastante teóricos. É claro que temos aulas práticas de bioquímica, histologia, fisiologia e anatomia. Mas ainda é muito básico e não temos uma visão muito clara do futuro. 

No terceiro semestre, comecei a ver Semiologia, que é a matéria que estuda os sinais e sintomas. O legal da minha faculdade é que a semio trata dos assuntos da anatomia, bioquímica, fisiologia e histologia do semestre anterior e está sincronizada com a patologia, que estuda as doenças. Eu acho este sistema muito bom porque as coisas não ficam perdidas. Além disso, temos uma matéria de correlação clínica, então discutimos casos aplicando as matérias estudadas. 
Também neste semestre começamos a ir para o hospital para aprender a examinar os pacientes. É muito legal, porém cansativo, já que ficamos quatro horas de pé, andando de um lado para o outro.

Aliás, se quer saber o que é a Medicina, esqueça House, esqueça Grey's Anatomy. Um hospital público brasileiro é totalmente diferente disso. Nós devemos o nosso aprendizado aos pacientes do SUS. É com eles que fazemos anamneses, aprendemos a palpar, auscultar e principalmente, a conversar. 
Confesso que é bem triste vermos pacientes claramente sofrendo e precisando se submeter a situações como ser internados no corredor. Com o tempo, vamos nos acostumando com estas cenas, mas temos que cuidar para não achar isso normal.

Outra situação para a qual você deve estar preparado é para ver cadáveres. Dá um certo mal estar (no sentido psicológico da palavra) olhar para uma pessoa que já andou, comeu, passeou e sofreu quando ela está totalmente despida, dissecada e conservada em formol. Mas aprendemos a lidar com tudo isso, pois nossa função, como médicos é curar a doença e tornar a morte menos dolorosa. 

Se você quiser seguir a medicina, vá em frente, mas você terá que ser persistente. Persistente durante o cursinho, persistente na frente dos livros e nas várias provas de vestibular. E esta persistência deve continuar durante a faculdade. Há muito o que ser estudado e pouco tempo (mas a gente dá conta, olha só, estou com blog e canal), mas também tem muitas festas, ações sociais para participar, congressos, palestras e muita, muita história para contar!

Eu espero que vocês tenham gostado do post. Estou fazendo uma série de posts, então talvez o blog fique um pouquinho saturado com este assunto, mas não pretendo parar após o SISU. Teremos aqui presenças ilustres falando sobre seus cursos e profissões!
Um grande beijo a todos, e continue acompanhando o blog pelas redes sociais!

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10 comentários:

  1. Ah, adorei esse post! Aliás, fiquei super contente com a ideia de postar textos sobre vários cursos, desde quando você me chamou. Não se preocupe, que eu logo vou sentar com calma pra escrever sobre o Jornalismo!
    Menina, eu nunca iria imaginar que em Medicina tem aula de Semiótica! Mas pelo que eu entendi, foi uma coisa bem aplicada às necessidades do curso, né? Eu tive umas aulas de Semiótica/Semiologia durante uma disciplina chamada "Teoria da Imagem", e nós estudamos, os significados que uma imagem pode conter (especialmente em fotojornalismo e publicidade), e muitas vezes a gente nem percebe, mas fazem toda a diferença! Aliás, acho que quem tem blog ou gosta de fotografia devia mesmo entender um pouquinho disso.
    Sobre o que você falou de ser um curso bem puxado, eu acredito que seja um curso quase cruel com os alunos, sabe? Na minha faculdade existe um serviço de apoio psicológico pros estudantes, e dentro desse serviço, tem um grupo de apoio SÓ pra quem faz Medicina, então fico pensando no tamanho da demanda, no quanto de alunos se sentem excessivamente pressionados por causa da carga horária e das exigências.
    Também acho um pouco triste o quanto o curso é concorrido. Tenho um amigo de cursinho que, quando nos conhecemos, estava tentando a Medicina pela terceira ou quarta vez, se não me engano. Ele não conseguiu ainda, e ele quer tanto, que ta disposto a ir fazer o curso em qualquer universidade pública onde for aceito, mesmo tendo que mudar de cidade/Estado e deixar tudo pra trás.
    Também acho uma pena que às vezes pessoas pouco comprometidas se formem em Medicina pra exercer a profissão sem cuidado ou de forma desonesta. Enquanto gente como o meu amigo luta por anos pra ser aprovado em vestibular, outras pessoas que nem têm tanto interesse assim acabam virando profissionais ruins... :/
    Acho que Medicina ou qualquer outro curso na área de Biológicas/Saúde está fora de questão pra mim, por causa de toda a parte relacionada ao corpo. Sou do tipo que passa mal vendo sangue, e quando acompanhei minha amiga numa exposição de anatomia, não sei como foi que consegui olhar os cadáveres! kkkkk
    Mas foi muito legal saber um pouco mais sobre o curso. Sei que você dá muito duro estudando, e espero que seja uma médica super competente! <3

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    1. Obrigada Leth!! Eu acho que a nossa semiologia é bem diferente da sua, pois estudamos as doenças nessa aula, por exemplo, ao encostar o estetoscópio no peito de uma pessoa com pneumonia precisamos saber o que é normal e o que iremos ouvir. Mas creio que a sua semio seja bem interessante também, vou ver se dou uma estudada por conta nisso nas férias por causa do blog. O curso exige muito mesmo, tenho vários colegas que viram noites estudando. Eu não dou conta disso. Quanto ao medo de sangue, tenho duas amigas que literalmente desmaiam vendo sangue mas a vontade de fazer medicina era tão grande que estão cursando mesmo assim. Infelizmente temos vários descompromissados e isso realmente dá medo. Mas espero que você esteja certa e eu seja uma boa médica hahahahaha
      Já estou louca para ver o que você irá escrever sobre o jornalismo!

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  2. Oi Lívia tudo bom? Quantas informações legais você pode passar com esse post! Adorei, desde minha adolescência queria psicologia, tentei e não era para mim. Hoje faço estética e amo essa futura profissão! Você também deve amar.
    Um beijo e sucesso com a facul.
    www.esteticando-se.com

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    1. Estética deve ser bem legal! Eu ainda estou numa relação de amor e ódio com o meu curso hahahahah
      Um beijo, sucesso a você também!!

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  3. Posso dar pitaco ? A visão de uma pessoa de fora para o que é a vida do médico ? Antigamente achava que a vida de médico era puro glamour ... hoje vejo o dia-a-dia dos médicos no hospital onde trabalho e vejo a loucura de vida que levam. Trabalham demais, é muito stress, muita cobrança, mto familiar apurrinhando, mta interdependência de outros profissionais (o que as vezes atrasa condutas) ... como vc disse, não é nada parecido com Greys. Nem mesmo num hospital privado .... vc não tem respostas imediatas e os exames e solicitações de outras avaliações médicas demoram. O acumulo de trabalhos é o normal .... também esquece a ideia de vida tranquila e feliz, pelo menos nossos médicos do hospital ... não tem fim de semana, não tem feriado, não tem natal ... claro, eles não tem que cumprir carga horária, vão ver os pacientes e vão embora, mas todo santo dia tem que ir lá pra ver os pacientes e prescrever. Portanto está bem longe daquela vida de "uhuu, grana e fim de semana na praia a toda hora". Lógico que tem mais liberdade que a gente pra viajarem quando convem, mas dependem de bom relacionamento com outros médicos, pra conseguir quem assuma seus pacientes enquanto estão ausentes. E pra poder ter isso, tem q estar disposto a também cuidar dos pacientes dos outros quando os colegas estão fora. Isso é muito comum, acontece com bastante frequencia. Quando tem somente pacientes tranquilos é de boa, mas as vezes pegam pacientes que "encacam" e tem que dar conta sem nem estar acompanhando realmente o caso. Mas por outro lado, tem muita coisa boa ... eu já me sinto gratificada sobre as vezes que sei que atuo e faço diferença no desfecho do caso do paciente. Imagino como é isso pra um médico então, que tem muito mais responsabilidades. O reconhecimento pela melhora é algo fenomenal e o médico é muito mais valorizado nisso do que o restante da equipe, afinal é ele que assume o paciente realmente. No entanto o inverso é muito mais intenso também quando o desfecho é ruim. Jä participei de várias reanimações e toda vez que o paciente vai a óbito e deixo o quarto .. saio cabisbaixa sem nem coragem de olhar pra família, que já nos olha com olhares apreensivos. Nesses momentos agradeço pela minha posição ... pq as pessoas acham que é é uma vida só de oba-oba, mas esse momento, de sair pra dar essa notícia é realmente algo desconcertante. Já presenciei algumas vezes e sempre fico transtornada só de ver .. imagino ter q estar na pele do médico. Se tem coisas maravilhosas, há que se lembrar do peso que é ser a pessoa responsável pela assinatura do atestado de óbito. E importante lembrar que muitas vezes, quando as coisas derem errado, o médico será facilmente culpabilizado. Mesmo quando não teve culpa e fez tudo certo. Tem que ter emocional pra lidar com isso também. Enfim, isso pra quem está no hospital né. E é bom frisar, a maioria deles não está só lá, trabalha em 2 ou 3 hospitais, mais consultório, plantão no samu, siate, plantão no pronto socorro, tem os que cumprem horário de escalas em siate e uti por exemplo. Enfim ... é linda, linda demais a profissão. Mas pra quem vai estar na vida hospitalar, dependendo da especialidade, é bom saber que a vida desgastante de estudante, vai seguir desgastante pro restante da vida. Mas tenho certeza que vale a pena. Admiro taaanto vários dos médicos com os quais trabalho e sou muito grata pela existência e dedicação deles. Amei o post. Bjs

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    1. Paty, eu sei que essa rotina de hospital é bem estressante. Tenho muitos médicos na família, e vejo pelo meu pai, que raramente fica em casa nos finais de semana, não viaja, não pode receber os parentes em casa porque tem plantão e as vezes não consegue trocar com ninguém. Mas a vida é feita de escolhas. Achei super pertinente este seu comentário aqui, pois as pessoas podem ver o "lado B" da história. Tem que trabalhar muito, ficar muitas horas de pé e ainda sair culpado em situações que não se tinham o que fazer. Mas é uma profissão realmente muito bonita e tem que gostar muito para segui-la e exercê-la de forma correta!
      Beijos e já quero ver o seu texto aqui hahahha, vou publicá-lo ainda esta semana!

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  4. Gente amei! Primeiramente parabéns por estar fazendo medicina! E parabéns por ter bolado um post tão legal assim! Eu ainda estou no ensino médio e eu e a minha galera ainda temos algumas dúvidas, porque como você disse, é muito difícil escolher o nosso futuro com 18 anos... eu adorei o seu post e estou ansiosa para ver os outros, acho muito bacana da sua parte, nossa, isso vai ajudar muita gente!
    Eu não gostaria de fazer medicina, mas eu sou palhaça de hospital, e realmente, não tem nada haver com as séries. Eu amei o post! E seu blog é muuuuito lindooo <3
    Beijos :**

    mar-de-ideias.com

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    1. Que legal!! Deve ser incrível ser palhaça de hospital, mas acho que eu não levaria muito jeito para isso não :/ Não precisa ficar angustiada com a sua escolha. Só aconselho que pesquise bem as profissões que quer seguir, visite profissionais e acompanhe seus trabalhos e se possível, tente conhecer a faculdade, ir em alguma aula com alguém, etc. Isso teria feito toda a diferença para mim, pois eu não teria criado expectativas tão altas e consequentemente não teria me desanimado.

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  5. Lívia, admiro demais a Medicina, requer muito esforço e dedicação e não só ao longo da graduação, como também depois de formada. Claro, todas as profissões requerem a formação continuada, mas Medicina é um assunto muito sério, vcs lidam com vidas humanas e isso deve ser muito tenso, ter a responsabilidade pelo bem-estar dos outros nas suas mãos.

    Adorei o post e em breve o do curso de Letras vai estar por aqui também! ;)

    Bjs, Hel.

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    1. Ebaa!! Já quero ver Letras aqui no blog! Acredita que apesar de ser leitora voraz desde pequenininha nunca cogitei fazer letras? Medicina exige estudo para o resto da vida para o bem dos seus pacientes hahahah
      Beijão!

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