10.11.17

O Conto da Aia - Resenha

Uma sociedade distópica num futuro nem tão distante. Uma crise política que tirou das mulheres quaisquer direitos.  A poluição ambiental e seu impacto na fertilidade humana. Esses são alguns dos temas discutidos lindamente por Margaret Atwood em "O Conto da Aia".

Título: O conto da Aia
Título original: The Handmaid's Tale
Autora: Margaret Atwood
Tradutora: Ana Deiró
Editora: Rocco
Ano da primeira publicação: 1985
Ano desta edição: 2017
Número de páginas: 366
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Offred, a protagonista, não tem seu nome revelado em momento algum da narrativa. Ela é uma Aia na casa do Comandante. As Aias eram as mulheres férteis, que passavam um período na casa de alguém do alto escalão do governo (leia-se: homens) para servir apenas de receptáculo para o herdeiro daquela família. As aias eram obrigadas a usar roupas vermelhas e uma viseira branca que as impediam de ver e de serem vistas. Ou melhor, de observar, visto que elas enxergavam apenas à frente com esse adereço.

O ócio é retratado como opressor. Não havia o que fazer. Na república de Gilleard as mulheres eram proibidas até mesmo de ler.  Nessa sociedade haviam também outras "castas" de mulheres: As Esposas, casadas com os Comandantes, que usavam azul, as Marthas, que eram basicamente encarregadas dos afazeres domésticos, as Tias, quem treinavam as Aias e a única classe que tinha um certo poder e por fim as Econoesposas, casadas com homens de classe inferior e que reuniam função de Aia, Martha e Esposa (nada de novo sob o sol, não é mesmo?). Estas últimas tiveram um enfoque muito pequeno e ouso dizer que não entendi tão bem com quem elas eram casadas.
"A espera também é um lugar: é onde quer que você espere. Para mim é este quarto. Sou uma lacuna, aqui, entre parênteses. Entre outras pessoas." (p. 270)

As mulheres, principalmente Aias, eram consideradas propriedades do governo. Tanto é que homens mais pobres eram proibidos de terem uma mulher. Exatamente esse verbo. 

A Offred convive todos os dias com a angústia de não saber o paradeiro de sua filha e de seu marido. Olha todos os dias no muro dos enforcados para procurá-los. 
O livro é todo angustiante, mas isso não faz dele uma leitura ruim. Pelo contrário. Dá uma sede para saber mais o que irá acontecer, ou o que aconteceu no passado. 

O que mais assusta é que a própria autora admite que não criou quase nada. Todas as situações já aconteceram ou acontecem em alguma parte do mundo. 

Em uma época em que o fundamentalismo e políticas ultra-conservadoras ganham o mundo, O Conto da Aia torna-se leitura indispensável para que nos tornemos atentos aos direitos das mulheres.
"Mas não tolerarei que uma mulher ensine, nem que usurpe a autoridade do homem, apenas que se mantenha em silêncio." (p.262)

O livro é narrado em tom de desabafo, com muita emoção nas palavras. Parece que sentimos tudo o que a Offred sente. Principalmente durante a Cerimônia, um ritual muito perturbador em que o Comandante tem relações sexuais (ou estupra,  esse talvez seja o termo correto) com a Aia, que fica deitada no colo da Esposa. Para as duas mulheres é uma situação degradante. 

Durante a narrativa não temos muitos detalhes sobre a República de Gilleard em si, mas a autora nos presenteia com um texto em anexo que nos dá várias explicações sobre o contexto do livro. Tudo o que eu queria era uma continuação deste livro.
Nota:

4 comentários:

  1. Oi Lívia, fiquei muito interessada neste livro, será minha próxima leitura.

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  2. Não sei se você sabe, mas há uma série sobre esse livro. Nunca a assisti, mas fiquei sabendo sobre ela primeiro e fiquei com muita vontade de assisti-la, porém não falo inglês e ainda não haviam a legendado. Anyway...
    Fiquei empolgada em saber da existência do livro e começarei a lê-lo ontem!
    Obrigada!

    Beijos,
    Me chama de Bella
    Isabella Proença Blog

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    Respostas
    1. Sei sim, inclusive adoro!! Já encontra legendada por aí! É muito boa. Não deixe de ler o livro também, certeza que não irá se arrepender (mesmo sendo um pouquinho diferente da série)

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Ilustração por Wokumy • Layout por