Olá
para todos os leitores do Check-in Virtual! Fui convidada pela Lívia
a escrever sobre o Jornalismo. Estou no quarto período do curso e já
mudei de opinião várias vezes sobre a profissão, a mídia e os
veículos de comunicação. Mas uma coisa não mudou: a admiração
que eu sinto!
A
graduação
Eu
tinha quatorze anos quando pensei em fazer Jornalismo pela primeira
vez. Confesso que no início a ideia estava ligada ao fato de gostar
muito de ler e escrever, mas com o tempo, fui pesquisando sobre a
profissão e gostando cada vez mais. Porém eu só me decidi de
verdade aos dezessete anos quando já estava perto de fazer o ENEM em
2014, já na reta final.
É
verdade que o diploma de jornalista não é obrigatório. A
legislação entende que a obrigatoriedade do diploma restringia a
liberdade de expressão, e então, o diploma passou a ser opcional.
Mas o que todos os meus professores e colegas me dizem é que as os
jornais impressos, revistas, assessorias e emissoras de TV e rádio
só contratam pessoas formadas. Além disso, a graduação nos
proporciona um conhecimento teórico que vai nos auxiliar durante
toda a profissão, além de nos dar a chance de errar enquanto
estamos aprendendo. Por isso, eu sou muito a favor do diploma.
Meu
primeiro semestre no Jornalismo foi uma forma de desmistificar a
profissão. Nós temos uma visão muito romântica antes de entrar no
curso, e às vezes, ser jornalista parece muito glamoroso, mas não é
bem assim. No primeiro período, eu tinha aulas de sociologia,
filosofia e até um pouco de antropologia. A disciplina de produção
de texto era a única em que nós escrevíamos, e junto com Teorias
do Jornalismo, me ajudou a prosseguir com o curso.
O
jornalista, em primeiro lugar, precisa ler e estudar muito. Estudar
sobre a sociedade, sobre as técnicas novas e antigas relacionadas à
profissão, e ainda pesquisar um pouco sobre cada assunto para uma
matéria ou reportagem. É assim que são elaboradas as perguntas
para uma entrevista, e então o texto vai sendo construído.
O
Jornalismo não é um espelho da realidade, como muitas pessoas
acreditam; mas é uma forma de dar
sentido à
realidade, interpretá-la. O Jornalismo também não é imparcial.
Todo jornal, revista, emissora de rádio ou TV tem uma linha
editorial, que decide como as coisas funcionam. Nas reuniões de
pauta, os assuntos que vão virar notícia são escolhidos, e isso é
um processo consciente. É preciso escolher
aquilo que vai ser publicado e divulgado. Da mesma forma, o
jornalista seleciona a melhor declaração da fonte. A objetividade,
outro mito do Jornalismo, existe sim, mas não da forma que pensamos.
Ser um jornalista objetivo não significa não dar a nossa opinião
(existe o Jornalismo Opinativo, e nele a opinião é embasada em
pesquisa e argumentos). A objetividade jornalística é um recurso
criado para que as notícias tivessem mais credibilidade. É por isso
que nós gravamos entrevistas e fazemos citações com aspas, para
que o leitor, ouvinte ou telespectador saiba que quem está dizendo
aquilo é a fonte, e não o repórter.
A
prática
Foi
a partir do meu segundo período que comecei a ver o Jornalismo na
prática. A Rádio Universitária da Universidade Federal de Goiás
dá aos estudantes a chance de produzir programas de rádio. Quando
entrei para o programa Matéria Prima, eu conheci essa experiência.
Nós produzimos o programa inteiro com orientação de uma
professora. Fazemos desde a reunião de pauta até as locuções ao
vivo, e é um aprendizado muito enriquecedor. Foi assim que aprendi a
produzir roteiros, preparar entrevistas, improvisar ao vivo, etc.
Nem
tudo acontece como imaginamos, e no Jornalismo, os imprevistos
acontecem o tempo todo. Às vezes, você faz uma pergunta e o seu
entrevistado responde não só a pergunta que você fez, mas também
a próxima e a que você faria depois; ou, o que é pior: ele
responde com uma palavra só, e você fica sem saber o que fazer. Ou
então, a você precisa marcar a entrevista com urgência e a fonte
não está disponível. Já me aconteceu de tentar marcar entrevista
com uma pessoa que não tinha tempo pra mim, mas tinha para a TV
Anhanguera (afiliada da Globo em Goiânia).
O
que eu posso falar é que você só aprende a lidar com todas essas
coisas com o tempo e a prática. Pode parecer frase feita, mas é
verdade. Na faculdade a gente tem a chance de errar, e embora ninguém
goste dos erros, são eles que mais ensinam a gente.
Perspectivas:
Esqueça,
por alguns minutos, o William Bonner, a Fátima Bernardes, a Maju
Coutinho e o Evaristo Costa.
O
Jornalismo oferece diversos caminhos a serem seguidos, e atuar num
veículo tradicional não é a única e nem sempre é a melhor opção.
É claro que se você sonhar com isso, não há nenhum problema, mas
existem outras alternativas.
Além
dos três caminhos “clássicos” que uma pessoa leiga conhece
(jornalismo impresso, televisão e rádio), existem também outras
áreas em que um jornalista pode atuar. Alguns encontram caminho no
fotojornalismo; outros, na diagramação, que é o trabalho de
planejamento dos jornais, revistas e sites nos aspectos visuais e
estéticos; também há quem se encontre na assessoria de imprensa,
que é a equipe que representa uma pessoa, uma empresa ou órgão
governamental perante a mídia. Quando você vê uma notícia nova
sobre a sua banda preferida ou o seu time de futebol, ela
provavelmente chegou até os jornais depois de ter sido preparada
pela assessoria.
Dentro
do próprio jornalismo tradicional, também existem áreas
especializadas: política, economia, moda, entretenimento, jornalismo
esportivo, opinativo ou cultural.
Além
disso, o Jornalismo ainda oferece, como qualquer outro curso de
graduação, a vida acadêmica. Você pode fazer um mestrado, uma
especialização, um doutorado.
O
mercado de trabalho
Sobre
isso, não posso falar por mim, porque ainda não faço estágio,
então vou dizer o que todos os professores e colegas me falam: o
mercado de trabalho no Jornalismo é extremamente competitivo e está
saturado. Existem profissionais demais para empregos de menos. Muitas
vezes, a única opção que a pessoa encontra é trabalhar como
freelancer,
porque assim ganha mais flexibilidade nos horários; mas dessa forma,
a pessoa não tem estabilidade e acaba perdendo alguns benefícios
trabalhistas. Além disso, os seus ganhos dependem da quantidade de
trabalhos que você é capaz de realizar.
Infelizmente,
o mercado de trabalho é um pouco injusto com nós mulheres. Quando
falamos de repórteres, nós somos a maioria, mas ainda somos poucos
nos cargos de poder, como editoras e chefes de redação. Como em
outras profissões, nós recebemos menos do que os homens por
desempenhar a mesma função. A possibilidade de deixar os empregos
formais para trabalhar como freelancer
é muito maior para nós, porque muitas precisam de horários mais
flexíveis para poderem se dedicar à vida pessoal, quando são
casadas e/ou têm filhos. E ainda existe o agravante de não termos a
nossa competência reconhecida em determinadas áreas, como o
jornalismo esportivo; também é frequente sofrermos assédio durante
o trabalho.
Contradições
A
mídia é contraditória, e o Jornalismo também. O Jornalismo comete
seus erros diariamente, com ou sem consciência deles. Muitas vezes,
acaba fazendo um desserviço para a população, reproduzindo senso
comum e reforçando preconceitos; também há momentos em que
transforma a dor e o sofrimento em espetáculo, na ânsia de
transmitir as informações e conseguir furos de reportagem e pontos
de audiência.
Os
jornais, revistas, emissoras e rádio e TV são empresas privadas, e
seguem a lógica do capitalismo, que é de gerar lucro. Hoje em dia,
a maior parte do lucro dos veículos de comunicação vem dos
anunciantes; não a pessoa comum que publica algo nos Classificados,
mas sim aquela grande empresa que publica um anúncio de página
inteira. Por isso, pode haver no jornal uma reportagem sobre o perigo
de dirigir em alta velocidade, e na página seguinte, um anúncio
enorme do carro mais potente da Chevrolet. Acontece.
Há
momentos em que o Jornalismo comete injustiças terríveis,
publicando notícias sem a devida apuração dos fatos, acusando,
difamando e caluniando pessoas e instituições. Outras vezes, o
Jornalismo ajuda pessoas, chama atenção das autoridades para os
problemas que elas enfrentam, e ainda compartilha histórias
emocionantes. É nesses momentos que eu vejo que vale a pena.
Texto por: Lethycia Dias, do blog Loucura por Leituras
É um prazer colaborar com esse projeto Tao legal! Espero que o texto ajude quem está procurando informações! ;)
ResponderExcluirÉ um prazer ler um texto teu por aqui!! Obrigada Leth!!
ExcluirTenho uma irmã formada em comunicação social e eu tenho admiração por essa área.
ResponderExcluirParabéns pelo post.
Art of life and books
É muito bacana!! Me apaixonei ainda mais depois desse texto!
ExcluirAdorei o teu texto! Pretendo cursar Jornalismo esse ano, se eu conseguir entrar plo Enem, né! Heuehue Fiquei ainda mais interessado neata graduação após ler teu texto, mas fiquei bem triste ao ler que a área de trabalho é bem complicada. É algo que eu já sabia, mas que ainda causa um choque ao ver a confirmação da verdade. Enfim, tenho medo de me formar e ficar sem emprego, mas vamos ver no que dá. Boa sorte pra você!
ResponderExcluirBlog Decidindose.com
Boa sorte no ENEM!! E tem a opção de trabalhar com freela também, quem sabe melhora até a sua formatura... Enfim, muito sucesso!!
ExcluirAdorei o texto, Leth.
ResponderExcluirEu não sei se já te falei, mas trabalho em uma assessoria de imprensa da universidade onde me formei(não pergunte o que uma formada em Letras faz lá, longa história), e lá na Unesc eles só contratam jornalistas com diploma e, de preferência, com pós, o que vai depender da função do jornalista.
Por essa minha experiência eu tenho bastante contato com jornalistas e vejo a parte menos glamourosa da profissão, identificando no teu texto muitas verdades sobre o dia a dia e o mercado de trabalho.
Bjin, Hel.
Que contribuição legal, Hel!! Seria bom se eles só contratassem quem deu duro para se formar mesmo!!
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