3.8.18

Everything, Everything - Lendo em Inglês


O 4º desafio do Lendo em Inglês foi "Tema Importante", e refere-se aos meses de Julho e Agosto. 

Escolhi o livro Everything  Everything, da autora Nicola Yoon por representar uma personagem com SCID- Imunodeficiência Combinada Grave. Considerei esse tema importante por tratar-se de uma doença muito subdiagnosticada, que mata muitas pessoas, principalmente crianças, antes que os médicos desconfiem dela. 

A SCID pode apresentar várias formas. E caracteriza-se por uma incompetência no sistema imune, o que deixa o paciente muito susceptível a infecções. Como este organismo não tem defesas, uma infecção que para nós seria muito fácil de resolver, como uma amigdalite, resfriado, quem sabe até mesmo uma pneumonia simples, pode ser letal ao portador de SCID. É uma causa de imunodeficiência primária e é congênita, ou seja, o paciente não pega a doença, mas nasce com ela. 

O livro já me incomodou logo no início: A protagonista apresenta sua doença e resume: eu basicamente sou alérgica ao mundo. Isso foi um erro crasso de revisão. Creio que um livro que trate de uma doença como pano de fundo deva passar por uma revisão científica. Madeline não é alérgica. Ela pode pegar uma infecção e morrer. Só um adendo: a alergia pode vir junto. É até um dos sinais da doença. Mas isso não resume a SCID. 
OUTROS POSTS DO LENDO EM INGLÊS 2018


Por ser doente, Madeline é restrita ao lar. Não pode ter uma vida normal. Mesmo assim, isso não parece afetá-la. E ela tenta ao máximo ter uma vida "comum" no limite de suas possibilidades: estuda arquitetura à distância, lê muito (é a sua forma de conhecer o mundo) e vê filmes com sua mãe. 

Sua mãe, aliás é a médica responsável pelo seu tratamento. E achei um pouco exagerado o monitoramento constante de pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória. A mãe de Maddy estabelece uma rotina rígida para a filha, e tal coisa tem que ser feita tal dia e tal horário. Também achei chato isso. A coitada da menina já não pode fazer nada, só conversa com a mãe e com a enfermeira na vida, e ainda tem que ter o compromisso de toda sexta ver filme com a mãe? Elas não podiam ver filme na hora que bem entendessem? 


Enfim, um menino se muda pra casa ao lado e Maddy que nunca tinha visto um menino antes se apaixona. E ele por ela. É um garoto meio estranho, que tem sérios problemas familiares, e eles começam a se falar pela internet. 

De repente a menina muda a atitude com a mãe. Resolve trocar as noites de filmes para conversar com o garoto, e guarda segredo. Achei o conflito forçado aqui. Se mãe e filha se relacionam bem, por que não contar, pombas? Por que as duas não sonham juntas, a mãe incentivando a filha a fazer amizade, porém não se comprometer já que não pode sair... Tantas coisas podiam ter acontecido de bom a partir do segredo compartilhado... Uma relação de mãe e filha... Mas não, a autora resolveu manter o clichê do romance proibido. 

Depois, Maddy resolve que quer arriscar a vida, conhecer o mundo... Nessa parte o livro fica mais legal. Mas ainda assim achei corrido. Era muita coisa, muita emoção para poucas páginas... 
Até que alguma coisa muito séria acontece e caminhamos para o desfecho. 

Sabe final de novela, que tem o final fácil e inverossímil? Então. Não achei a situação em si ruim. Mas ela podia ter acontecido na primeira metade. Uma análise psicológica mais profunda... Um livro sobre o final desse livro seria genial. Porque daria para desencadear atos e consequências, relações humanas, sentimentos... Nossa, vejo mil possibilidades.

Tenho a impressão que esse livro não passou por um editor. A proposta inicial é boa, mas teve um enredo mal elaborado e simplista demais. O final não combinou. Foi tirado da cartola. E ele em si daria um ótimo livro. Daria para encaixar até mesmo nessa história, acontecendo antes... Uau, seria incrível!

COMPRE O LIVRO:

Comprando pelos links acima você me ajuda a manter o blog sem gastar nada a mais com isso

Nicola Yoon tem boas ideias, mas precisa trabalhá-las melhor. Eu gostei muito da diversidade que ela apresentou no livro: A protagonista é uma mistura de afro-americana com nipo-americana. E ela não tem "razão de ser". Não é porque ela é negra que precisa falar sobre racismo. A autora também é negra, e fico feliz que ela esteja fazendo tanto sucesso, inspirando outras meninas negras a escreverem, mostrando que é possível. Precisamos de mais mulheres negras, como a Nicola Yoon  nos best sellers sim. Mas eu particularmente via mais potencial para a história... 

Sei que o livro é voltado para adolescentes, mas isso não significa que não possa ter um viés mais complexo... 


Uma coisa que achei interessante, e que facilitou MUITO a leitura, foi a diagramação: o livro é uma espécie de diário de Maddy, então tem as mini resenhas dos livros dela, tem ilustrações, relatórios médicos... Tudo o que é importante para ela. 

Um outro ponto positivo é que o livro é escrito praticamente num inglês básico. Então não tem um monte de gírias, nem oralidade ou regionalismos. Isso facilita muito a leitura de estrangeiros. Eu li o original sem problema algum. Era uma linguagem acessível, havia fluidez no texto e me segurei para não terminar rápido demais. Quem tem o inglês nível básico e quer passar para o intermediário pode apostar nesse livro. Vai sentir  dificuldade, porém aos pouquinhos vai conseguir entender, aumentar vocabulário e quem sabe ir pegando segurança. Creio que uma pessoa com nível intermediário já conseguirá ler melhor. 

Comprei a edição em paperback. O livo é editado pela Ember. As ilustrações são do marido da autora, a capa tem acabamento em baixo relevo e as folhas são estilo jornal. No final do livro tem uma entrevista com a Nicola Yoon. 

Enfim, esse livro me deu uma sensação de amor e ódio. Ao mesmo tempo que me irritei, eu gostei de Maddy e Olly, gostei da premissa, e não podia parar de ler. Nicola Yoon definitivamente sabe prender o leitor.

Nota:

4 comentários:

  1. Apesar de ter visto que em alguns pontos você achou que o livro deixa a desejar eu ainda tenho muita curiosidade para ler. Queria ter lido antes de assistir o filme mas não rolou, então pretendo ler logo para poder assistir logo o filme também. Eu sei que é bem clichêzão, mas fazer o que, a garota aqui ama um clichê, hahahah
    Beijo!

    Sorriso Espontâneo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu estava com tanta expectativa para esse livro que esperei ler antes de assistir. Agora acho que até desanimei com o filme. Mas se você curte um clichê, então vai adorar! Eu ando meio cricri com livros, ultimamente...
      Obrigada por comentar! :)

      Excluir
  2. Olá Lívia, nem sei o que falar... rsrs Eu já teria raiva do livro quando visse a questão científica... pois como você mesma disse, se o livro tem como pano de fundo uma doença, o mínimo seria uma revisão por alguém que entendesse dela... Acho que até no Google teria um resuminho básico do que seria... =s E já sabendo que é bem cliché também, não sei se ajudaria muito para eu dar uma chance a ele... rsrs Questão de gosto. Mas o que gostei mais foi do seu projeto de ler em inglês, que achei genial! =) Estou para fazer isso também, mas sempre deixo para depois...
    Bjks!

    Mundinho da Hanna

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu também ando sem paciência pra clichê... Sim, no Google tem direitinho. Mesmo que não conseguir uma revisão não custa nada buscar um especialista e dar uma perguntada, etc... Pois venha participar!! Ainda dá tempo, pega a partir do desafio 4 que ta tudo certo. E ano que vem teremos de novo!!

      Excluir

Quero saber sua opinião! Ficarei muito feliz com o seu comentário!



Ilustração por Wokumy • Layout por